segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dos "e se..." da vida.

Se tem algo de que morro de medo é dos "e se..." da vida, prefiro arriscar, me jogar de cabeça, possivelmente me arrepender no futuro, mas não deixo de fazer o que tenho vontade ou o que julgo ser certo. Entretanto, apesar de tantos cuidados, as vezes, não escapamos de certos "e se..." por isso, agora vamos de Fernando Pessoa, porque hoje foi dia de pensar nesses tais  "e se..."

Na noite terrível

Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
Na noite de insónia, substância natural de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incómoda,
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado – esse é que é o cadáver!

Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espaço e do tempo,
Na falsidade do decorrer.

Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido –

Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso – e foi afinal o melhor de mim – é que nem os Deuses fazem viver...

Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro –
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.


Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais
,A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.

O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos,
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível pra mim.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pra você que nunca foi Stalker:

O primeiro post do ano vai dedicado aquelas pessoas q nunca na vida digitaram nomes no Google, nunca fuçaram orkut, facebook, twitter, blogs e afins alheios e nunca mais nunca stalkearam alguém. O primeiro post do ano vai pro meu querido Pablo Gomes, pq ele nunca fez isso

Poeminho do Neil Gaiman, musicado por Amanda Palmer:

I Google you
Late at night when I don’t know what to do
I find photos you’ve forgotten you were in
Put up by your friends

I do, I Google you
When the day is done and everything is through
I read your journal that you kept that month in France
I’ve watched you dance

And I’m pleased your name is practically unique
It’s only you and a would-be PhD from Chesapeake
Who writes papers on the structure of the sun
I’ve read each one

I know that I should let you fade
But there’s that box and there’s your name
Somehow it never makes the pain grow less or fade or disappear
I think that I should save my soul and I should crawl back in my hole
But it’s too easy just to fold and type your name again, I fear

I Google you
When I’m all alone and feeling blue
And each scrap of information that I gather
Says you’ve found somebody new
And it really shouldn’t matter
Ought to blow up my computer
But instead…
I Google you